Certa ocasião, atendi uma mulher de 45 anos, solteira, que veio acompanhada de seu irmão. Ela o segurava pelo braço, pois ele tinha uma deficiência visual. Eu a cumprimentei e, em seguida, ao cumprimentar o seu irmão, ele estendeu a sua mão e, no entanto, ao invés de me cumprimentar, subitamente, recolheu a sua mão, e fez um gesto, como se estivesse tocando um violão. Obviamente, ele fez uma brincadeira comigo, rindo, como uma criança. Percebi que ele não era normal, pois tinha uma expressão facial abobalhada e me olhava no canto de seu olho esquerdo.
Constrangida, a paciente me pediu desculpas, disse-me que o seu irmão tinha uma deficiência mental - apesar de ter 42 anos, tinha uma idade mental de uma criança de 5 anos. Ele também era cego do olho direito e o esquerdo, só enxergava 30%; portanto, praticamente era cego. Antes de subirmos à minha sala de atendimento, como o seu irmão iria ficar sozinho, aguardando-a na sala de espera, ela me pediu que eu fechasse às portas da clínica, pois tinha receio que ele saísse e fosse atropelado na avenida.
Na entrevista inicial(anamnese), eu lhe perguntei qual o motivo de sua vinda à essa terapia?
Ela me disse, chorando: - Dr. Osvaldo, o que me trouxe aqui é justamente o meu irmão. Ele é o meu único irmão, meus pais faleceram e sobrou para mim cuidar dele. Não me casei e nem constituí uma família.
Terapeuta: - Você trabalha fora?
Paciente: - Não. A gente vive do aluguel da casa, é a única renda que o meu pai nos deixou.
Não tenho como pagar uma pessoa que cuide de meu irmão para que eu possa trabalhar fora, ele é totalmente dependente de mim. Eu me sinto infeliz, revoltada, pois tenho que cuidar dele integralmente e, com isso, não tenho uma vida própria. Não acho justo! (fala chorando).
Após passar por duas sessões de regressão, na 3ª sessão, o seu mentor espiritual lhe mostrou uma vida passada.
Paciente: - Estou vendo uma cena de guerra, soldados, uma cavalaria, homens a cavalo entrando num vilarejo. Nossa! Vejo cenas horríveis de guerra, muita matança de soldados e civis, muito sangue... O meu mentor espiritual me diz que não vai me mostrar tudo para não me impressionar. Ele me pergunta: - Você já ouviu falar no Massacre de Nanquim?
Respondo, que não. Ele pede então, para que a gente pesquise no Google sobre esse massacre, após o encerramento dessa sessão. Ao encerrar a sessão, peguei o meu notebook e fizemos a busca no Google sobre esse massacre. Para nossa surpresa, ele realmente existiu na história contemporânea.
Lemos juntos, o Massacre de Nanquim, que foi um episódio de assassinatos e estupros em massa cometidos por tropas do império do Japão contra a cidade de Nanquim, na China, na guerra Sino-Japonesa, durante a 2ª Guerra Mundial. O massacre ocorreu durante o período de seis semanas a partir de 13 de dezembro de 1937, o dia em que os japoneses tomaram Nanquim, que na época era a capital chinesa.
Milhares de civis e soldados chineses foram submetidos a torturas, estupros e mortes violentos praticados pelo exército imperial japonês. Estima-se que 20.000 mulheres e crianças teriam sido feitas de escravas sexuais, ao ponto de a ação também ser também chamada de o Estupro de Nanquim.
Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, os chineses vêm exigindo que o Japão reconheça e peça desculpas formais pelos crimes de guerra cometidos durante essa guerra Sino-Japonesa (1937 – 1945). Iwane Matsuo foi o general do exército imperial japonês que comandou esse massacre. Após a rendição do Japão, Matsui foi julgado pelo Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente e condenado à forca.
Na 4ª e última sessão, o mentor espiritual da paciente lhe revelou que esse general japonês, hoje, é o seu irmão e ela nessa vida passada foi um coronel, braço direito desse general. Após os dois serem enforcados, acabaram parando no Umbral( nas trevas) e, antes de reencarnarem à vida atual, fizeram um acordo. (silêncio).
Terapeuta: - Qual foi esse acordo?
Paciente: - O meu mentor espiritual me revela, que, de comum acordo, combinamos, que quem viesse, reencarnasse em melhores condições iria cuidar do outro. Então, como vim em melhores condições, a minha missão é cuidar de meu irmão.
Ele me esclarece, que o meu irmão, nessa vida passada, era um general inteligente, um grande estrategista militar, com muita visão de guerra, mas, como fez mau uso de sua inteligência, prejudicando de forma perversa muita gente, incluindo crianças, reencarnou, hoje, com retardo mental (idade mental de uma criança) e praticamente cego.
Conclusão:
Ele faz questão de me dizer que Carma não é um castigo divino, como muitos ainda acreditam equivocadamente, mas, sim, efeito, consequência de nossos atos, escolhas. Diz que é uma Lei, ele me dá um exemplo: se uma criança colocar o dedo na tomada, vai ter consequência, ou seja, vai levar um choque porque ela está desafiando a lei da eletricidade.
Por isso, não importa se uma pessoa que pratica um ato é “mazinha” ou “boazinha”, se desafiar a lei divina, sofrerá consequências. Portanto, Carma, como uma das leis universais, não tem juízo moral, não faz distinção, não há julgamento, é uma consequência de nossas ações praticadas no passado.
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